A Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Especial da Juventude Carioca (JUVRio), lançou, nesta terça-feira (12/7), o Pacto pela Juventude, política pública inédita em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). O programa tem foco na formação cidadã e na capacitação de jovens em extrema vulnerabilidade social. Foram selecionados 920 jovens, de 15 a 29 anos, que vão atuar em 60 núcleos localizados em áreas periféricas e favelas da cidade para repassar conhecimento e propor soluções para problemas relacionados à região onde moram. Ao todo, serão impactadas mais de 25 mil pessoas.
– O avanço da tecnologia trouxe uma dinâmica toda nova, com mudanças estruturais. Estamos vivendo um momento diferente no mundo. Criamos uma secretaria da Juventude porque, com essa mudança estrutural e a crise conjuntural pelo qual o país passa, quem foi mais afetado e impactado foi o jovem. A secretaria tem um papel transversal e precisa dialogar com as outras pastas, para introduzir o jovem como uma pauta prioritária na educação, saúde e assistência social, por exemplo. Fizemos um processo de seleção transparente para que durante o processo de formação, que são as etapas do programa, esses jovens possam dedicar parte do seu tempo para descobrir como se ativa a sociedade para ajudar a transformar o mundo e melhorar a nossa conjuntura – afirmou o prefeito Eduardo Paes, durante o lançamento do Pacto da Juventude, na Cidade das Artes Bibi Ferreira.
Com foco nas temáticas Cultura, Esporte, Sustentabilidade e Tecnologia, os jovens que passarem pelo projeto terão contato com estratégias de participação social, liderança comunitária e cidadania. Dos 920 participantes, 800 receberão auxílio financeiro de R$ 500 por mês, de acordo com os critérios socioeconômicos disponíveis no edital.
– Muitos falam que os jovens são o futuro, mas a juventude, na verdade, é o agora. É quem lidera as novas ferramentas de tecnologia que nos auxiliam no dia a dia. A crise global gerada pela pandemia mostrou que os jovens, segundo a Organização Internacional do Trabalho, foram os que mais perderam renda e oportunidade ao longo desse período, em especial quem mora nas periferias. O Pacto já é uma das maiores políticas públicas voltadas para a juventude no Brasil. Vocês serão incentivados, dentro de suas favelas, a buscarem soluções práticas para problemas reais do cotidiano, a partir do que foi ensinado nas aulas. Pretendemos, com esse programa, fazer com que os jovens, em especial da periferia, passem a se sentir cada vez mais senhores das suas decisões e do futuro da nossa cidade. O Rio de Janeiro precisa da força e da potência de vocês – disse o secretário da Juventude, Salvino Oliveira, dirigindo-se aos jovens da plateia.
De acordo com levantamento mais recente, organizado pelo Boletim de Dados da JUVRio, a cidade do Rio conta com mais de 1,5 milhão de jovens, sendo que 32% deles não trabalham e nem estudam. E a falta de acesso a oportunidades para o desenvolvimento desse grupo é um fator de comprometimento do desenvolvimento pleno da cidade.
– Esse programa tem tudo para ser a maior política pública de juventude. Ser parceiro de um projeto como esse é um desafio enorme, mas também uma grande oportunidade para a Unesco somar esforços com a Prefeitura. Muito do que fazemos, como agência da ONU, é prestar cooperação técnica, trazendo boas práticas de fora para o Brasil, mas acho que esse projeto vai fazer o caminho inverso, em que os 193 países da Unesco vão se beneficiar e beber da fonte do Pacto pela Juventude – disse o representante da Unesco, Fábio Eon.
O Pacto pela Juventude é parte do programa Geração Transformadora, que tem o objetivo de promover a participação dos jovens em questões sociais e nas soluções ambientais para a cidade.
Jovens ficam empolgados com o projeto
Um dos jovens selecionados pelo projeto, o estudante Daniel Wolf Trindade, de 22 anos, vê no Pacto pela Juventude uma oportunidade de crescimento pessoal e profissional. Morador da Vila Aliança, ele já desenvolve um trabalho de educador social numa ONG dentro da comunidade.
– A ideia é que nós jovens tenhamos uma maior participação dentro das comunidades e mais espaço no poder de decisão. Que possamos ser protagonistas da mudança da realidade na qual estamos inseridos. Queremos ocupar as comunidades e assim pensar numa expectativa melhor para o nosso futuro – disse Daniel, que faz pré-vestibular para cursar artes cênicas.
O empreendedor George Luiz Torres, de 26 anos, também está motivado em fazer parte do projeto da Secretaria da Juventude. Dono de uma microempresa de assistência técnica de celulares, em Bangu, ele conta que procura sempre participar de programas da Prefeitura em busca de novas oportunidades.
– Eu tenho um objetivo muito grande de crescer profissionalmente. Junto com esse desejo, acabei criando um compromisso também de transformar a minha comunidade, incentivando a economia circular, para as pessoas não deixarem seus celulares velhos ou com defeito guardados dentro de casa. Quero levar conhecimento para os jovens da região onde eu moro, provocar mudanças e transformar mentes, tornando isso um senso comum dentro da nossa sociedade.